sábado, 30 de janeiro de 2016

Vozes & Recortes - Resenha por João Paula Santos Pires.

Editora Penalux
23 h
Resenha do Livro: "Vozes & Recortes", contos. Autora: Tere Tavares.
“Eu não quero ser compreendida, o amor me parece ser importante.” A frase de Lygia Fagundes Telles parece dialogar com Vozes & Recortes, quinto livro da escritora Tere Tavares. Resguardado por imagens que se ondulam em frases belas, Vozes & Recortes cintila por composições que, no âmago, têm um propósito sublime. Tavares propõe ao leitor a magia de lhe sublimar a essência, de fazê-lo [re]crer no amor como um construtor de cisternas.
Outrossim, o brilho representado pelo texto conserva sua força quando se quebram os diques da contenção formal e dos padrões estáticos e estéticos. Os escritos esboçam o lavrar singelo e terno de mundos que pedem compreensão, mas de onde os olhares são condoreiros e se pontilham de cima para baixo, na multiplicidade das recepções: Nada escapa a quem tem em si o fragmento de todos os sóis.
Tere Tavares se reveste em âmbares de subjetividade e afinco, que palmilham os caminhos da utopia e do sonho. Aliás, os contos se fantasiam de imagens oníricas que desafiam as lentes do mundo categórico e perene. No limite entre parágrafos e expectativas, cabe ao leitor admirar o inebriare da criação lúcida e do sentimento desinibido. Afinal, Vozes & Recortes é o compêndio de uma lucidez que há muito deixou de ser peremptória. Nos contos de Tere, o instante não é definitivo e não existem versos indiscutíveis. Irrefutável é o poder da autora de metamorfosear os domínios da realidade e de expressar horizontes inefáveis no céu de sua literatura:
“Eram asas construídas de pedaços para não omitir aos pássaros a boca da paisagem absoluta – até que falasse, por dentro, somente a limpidez de antes. Algo que eu amava e se transformara em partes de mim mesma: uma soberana inocência capturando o silêncio”.
Em suas Vozes & Recortes, Tere Tavares captou muitos silêncios, que se desenharam de flores e introspecção, de incógnitas, de poesia e de caminhos escuros que clamam por luz. No universo de liberdade da autora, os silêncios podem ser musicais e mesclados, acomodados e plenos. E toda plenitude precisa de recantos estrelados para despontar. Quanto de mim sou eu nisso tudo, qual dos meus silêncios murmura o inteiro do que já não mora aqui dentro?
Caberá também ao leitor conservar a cautela, sobre o agradável risco de se perder em contemplação. Quando voltar a si, poderá já ter sido envolvido pelo silêncio da sonoridade e pelas estrelas de ritmo, com as quais a autora faz questão de nos presentear. De volta à compreensão racional, o emaranhado de palavras terá cumprido seu especial intento: emocionar. E então a arte resplandece na atmosfera paisagística de Tere. Afinal, suas palavras podem caminhar livres em jardins silenciosos. Podem se renovar em mesclas, vozes, laços, recortes. Antes que o parágrafo termine.

Tere Tavares Emocionadamente agradecida ao Joao Paula Santos Pires e àEditora PenaluxWilson Gorj e Tonho França por esse presente, essa resenha que guardo com o maior apreço. Estou deveras feliz, De perder a fala. Obrigada. Merci. Gracias. Thanks. Grazie.