segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Histórias Possíveis - Edição 54

André de Leones, Daniela dos Santos, Daniela Mendes, Dheyne de Sousa, Erwin Maack, Gerusa Leal, Leandro Resende, Lucia Bettencourt, Maurício Melo Júnior, Nereu Afonso, Susana Fuentes, Wesley Peres, Izabel Roriz, Paulo Guicheney, Tere Tavares: “A costura dos braços no sono, urbanas fotografias humanas, acordado dentro do corpo, crônica de enfermeira, peguete, tratado absorto de um ser inadvertido, HQ do tempo estacionário, terceiro movimento, cabras da peste, os cães, roda, estou completamente idiota, uma estranha no vento, não aconteceu muita coisa no primeiro assalto, no crepúsculo todas as cordas são pardas”
...descubra quem escreve o que em “Histórias Possíveis - Edição 54”.
Boa leitura.
https://historiaspossiveis.wordpress.com/2009/11/23/no-crepusculo-todas-as-cordas-sao-pardas/

No crepúsculo todas as cordas são pardas


Tere Tavares
As sutilezas do céu derramavam-se confusas no seu dorso. O cristal árduo e indefinível dos dias não declinaria de nutrir-lhe as veredas com os lirismos da Terra e a sintonia do homem superior. Irrompeu num porto revolto e destroçou o inalcançável para ferir de imensidão aquela ingênua intensidade. Um tanto disforme e irresignável iniciou um andar trêmulo e mortiço sobre as pedras que poderiam ser cães ferozes ou uma cidade quase sem escândalos. Não fora programado para crer na escuridão. Queria encontrar uma abreviatura em que coubesse como aquele pequenino. Apesar de ter-se transformado, o recanto da sua calma não se modificara enquanto esteve lutando – por uma nova máscara, por qualquer transição calada que se levantasse, ainda que momentaneamente, numa parcela de misericórdia e outra de segurança.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Eu em mim; de um outro lado

O Banco de Talentos, iniciativa cultural da Febraban - Federação Brasileira de Bancos, há 15 anos identifica e valoriza os bancários que desenvolvem habilidades artísticas. Ciclos bienais pesquisam nos anos pares, as categorias Fotografia, Música e Pintura e, nos anos ímpares, Artesanato, Canto Coral, Escultura, Literatura e Teatro. Em 2009 aconteceu a décima sexta edição.

Desprovido de caráter competitivo, o evento não premia e não atribui classificações. Todos os selecionados têm seus trabalhos divulgados em exposições, shows, livros e CD's que são gratuitamente dirigidos a críticos especializados, galerias de arte, bibliotecas, escolas de artes e empresários que investem em atividades culturais, assim como a autoridades e lideranças empresariais.

Na categoria Literatura-Poesia a comissão de jurados foi composta pelos especialistas Carlos Francisco de Morais, Betty Vidigal e Milton de Godoy Campos.

O poema “Eu em mim; de um outro lado” de minha autoria, foi um dos escolhidos!

Na noite de 09 de novembro de 2009, no Citibank Hall em São Paulo, houve a exposição dos trabalhos selecionados nas várias categorias, com apresentação da dupla Sá & Guarabyra fazendo a abertura do show, e na seqüência os cantores e cantoras do Banco de Talentos - Música. Uma festa linda da qual tive a alegria de participar.


Eu em mim; de um outro lado

Estes ramalhetes de alvoradas
que seguro entre os dedos
são para descansar os pés retintos
os medos abandonados
a escorrer de um revés
são sais inteiros que ensaiam infinitos
nos mares que não meço
nem penso sem ver
são autos de bondade,
são segredos iluminados
com a amplitude secular do criador.

- mar és: disse-me a porção da procura –

Estes maços de crepúsculos
são a jura da saudade que impeço
a intenção de reter o instante
são pretextos invariáveis
diante da suposição de tornar visível
o desnível das ondas em que se adora permanecer
com a solitude salutar do navegador
urdindo a âncora, a loucura de vir a ser.

- torna-te o que és: disse-me Píndaro.

Este aro de razão
é a estrofe do estupor
a catástrofe difusa
a chuva do amor que se confunde
na ínfima virtude da ilusão
do que será somente – senão.