domingo, 3 de agosto de 2008

Textura


Textura

Sou esta nuance que nada deseja além de seguir ao longo do sulco da tua face e, talvez, esperar com alegria, ter esperança, ouvir uma canção – que resista a toda a espécie de balbúrdia e ao silêncio que a sucede ou caminha ao seu lado – como só um outro que me escuta , um poço de olhos fundos e insaciáveis, o alívio de todo peso de um nome. Nunca sou só o que sou.
O que dizer de quem se diz? Até onde contar o que nos conta?

E quando anoitecer que eu possa ser um pouco da noite, tecer a noite com a paciência do pescador.

E ao amanhecer que eu me perceba ao menos o mínimo da manhã a desfiar a luz do dia a fragrância dos matizes inolvidáveis do entardecer, como quem se entretém numa homenagem à Penélope e ao amor, como os ocasos em que sempre desce o indefinível e prodigioso ouro da claridade.